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O idioma é o mesmo, mas as tradições separam menonitas |

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Pesquisa identifica como se vive e se trabalha em comunidades do Paraná e do estado de Chihuahua, no México.

Eles falam a mesma língua, têm a mesma religião, seus antepassados vieram dos Países Baixos, na Europa, e concordam que a interferência do Estado sobre a sociedade deve ser mínima. Mas, os costumes são bem diferentes e são expressos na vestimenta e na lida no campo. As peculiaridades dos menonitas que vivem na colônia Witmarsum, em Palmeira, nos Campos Gerais, e no Noroeste do estado de Chihuahua, no México, são pesquisadas em conjunto por professores da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) e da Universidad Autónoma de Ciudad Juárez (UACJ), do México.
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A principal ponte entre as duas comunidades menonitas é a língua. O plautdietsch – dialeto com predominância do holandês – é usual. Nas colônias mexicanas somente os homens aprendem o espanhol. As mulheres, que não têm contato com outras culturas, se comunicam com o idioma de origem. Em Witmarsum, o dialeto é substituído pelo alemão, que é o segundo idioma ensinado na escola pública de ensino fundamental e médio instalada dentro da colônia. Ali todos falam português, embora o sotaque alemão acompanhe os mais velhos.

/ Exposição sobre a história menonina no México
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Exposição sobre a história menonina no México
Princípios

Conduta pacifista e educação baseada nas lições da Bíblia

Os menonitas de lá e de cá diferem em dois aspectos importantes: a educação formal e o militarismo. Em colônias conservadoras do México, se estuda apenas dos 7 aos 14 anos de idade. As escolas são multisseriadas e os professores não têm formação técnica, mas são escolhidos por sua vivência comunitária e pelo seu conhecimento bíblico. Meninas têm acesso à escola, mas não se sentam junto com os meninos na sala de aula. “A base da educação são a Bíblia, as regras da comunidade e a escrita”, explica Heinz Egon Philippsen.

Em Witmarsum, os alunos seguem as normas gerais do Ministério da Educação. Na escola da colônia, menonitas ou não, todos estudam juntos. Os alunos, no entanto, têm aulas de alemão, de filosofia – quando estudam a Bíblia – e educação artística. Os mexicanos não fazem cursos técnicos ou faculdades.

Pacifistas por causa dos preceitos bíblicos, os menonitas têm restrições quanto à vida militar. No México, eles não se alistam no Exército, enquanto no Brasil não há legislação a respeito. Conforme Philippsen, os menonitas se alistam. “Mas, com a sugestão de não usar armas. Já fizemos isso na Rússia, servindo ao Exército nas áreas de reflorestamento e no transporte de feridos.”

Aspectos

Esses aspectos do cotidiano são explorados pela pesquisa binacional conduzida pela UEPG e pela UACJ desde 2012. No ano passado, foi lançado o livro Comunidades Menonitas de Mexico y Brasil: influencia y aportaciones — em português, Comunidades Menonitas do México e do Brasil: influência e contribuições. Neste ano, foi organizada a exposição com o mesmo tema. A mostra de 32 fotos de colonos mexicanos foi exposta em Palmeira e em Ponta Grossa. Conforme a professora Cicilian, a pesquisa ainda tem continuidade com a participação de outros países com colônias menonitas, como a Bolívia e o Paraguai.

Independentemente da posição geográfica, a religião é o cerne do povo menonita. Eles são cristãos, negam o batismo infantil e cultuam o trabalho coletivo como uma forma de oração. Como a Bíblia é interpretável, diz Heinz Egon Philippsen, menonita integrante da pesquisa, há pelo menos 30 denominações no mundo. Só em Witmarsum, onde dos dois mil moradores pelo menos metade é menonita, há duas vertentes da religião: a igreja dos Irmãos Menonitas e a Evangélica Menonita. Se­­gundo Philippsen, a denominação exata dificulta um levantamento estatístico do grupo pelo mundo. Alguns migram e não encontram igrejas por perto e outros são apenas descendentes étnicos, mas não religiosos. No Brasil, segundo ele, há entre 12 e 14 mil pessoas, enquanto no México vivem entre 45 mil e 50 mil.

Progressistas

A interpretação da Bíblia norteia o próprio modo de trabalho das colônias menonitas que são rurais. Em Witmarsum, onde os colonos são considerados progressistas, segundo a professora Cicilian Luiza Löwen Sahr, usam-se as mais avançadas tecnologias de produção. Já os colonos mexicanos são avessos à modernidade. Para facilitar o trabalho no campo, eles vestem macacão jeans, camisa xadrez e chapéu. As mulheres, que ficam com os afazeres domésticos, usam vestidos longos. Em Witmarsum, não há regras de vestimenta.

Nas colônias de Chihuahua, a modernidade não é bem vista. Alguns agricultores mexicanos usam tratores com rodas de ferro. Uma das explicações, conforme o professor Wolf-Dietrich Sahr, é que assim o produtor não pode deixar a colônia por meio de estradas asfaltadas. Outro motivo, de acordo com Philippsen, é o entendimento de que os frutos do trabalho devem ser colhidos com o “suor do rosto” e que o conforto dos pneus de borracha não é condizente com essa missão.

Migrantes são chamados de ciganos brancos

Desde os primeiros menonitas do século 16, nos Países Baixos, a migração foi frequente. Liderados por Menno Simons (vem daí o termo menonita) eles começaram a deixar a região de origem devido à perseguição política e religiosa, pois rejeitavam a interferência do Estado e o batismo infantil, que era defendido por católicos e luteranos.

No século 17, os menonitas partem rumo ao Canadá e aos Estados Unidos. De lá, seguem para o México. A última leva saiu em 1930 por causa do stalinismo. Neste período, menonitas vindos da Prússia para a Rússia deixaram a Europa e vieram para o Brasil. Primeiramente, instalaram-se em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul, mas em 1951 fundaram a Colônia Witmarsum, em Palmeira.

As migrações de pequenos núcleos familiares se mantêm até hoje. Heinz Egon Philippsen, que dirige o museu da colônia paranaense, lembra que, além de Curitiba, há migrações para a Bahia e Tocantins. A professora Cicilian Sahr comenta que os menonitas são conhecidos como “ciganos brancos”, principalmente os conservadores. Quando há um cerceamento político ou religioso, eles se mudam para recomeçar um novo povoado.

No caso dos mexicanos, pode haver uma corrente migratória para o Brasil. Philippsen lembra que eles procuram terras na América do Sul por causa das limitações do uso da água no México, que é bastante escassa. “Eles trabalham com irrigação e, por isso, fazem poços muito profundos e que ficam muito caros. A agricultura deles está ficando muito limitada no México”, completa.

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