Internacional
Pandemia está descontrolada no Brasil; mais de 3 mil mortes em 24 horas
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O país também registrou 84.996 casos, o quarto maior valor observado. Assim, o Brasil chega a 298.843 óbitos e a 12.136.615 infecções pelo coronavírus desde o início da pandemia.
Os dados dos últimos dias e os sucessivos recordes mostram, também, que a tendência é de aceleração, sem sinais de inflexão no horizonte enquanto a campanha de vacinação avança lentamente, com menos de 2,7% da população adulta imunizada com as duas doses necessárias.
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Esse descontrole, para os estudiosos, resulta tanto do surgimentos de variantes mais vorazes do vírus no país como da falta de uma política nacional de combate à pandemia, sem o empenho do governo do presidente Jair Bolsonaro em promover o distanciamento social, municiar hospitais e investir na compra, a tempo hábil, das doses necessárias de vacinas.
O enorme número de vítimas registrado nesta terça é comparável aos atendados terroristas de 11 de setembro de 2001, que marcaram a história dos Estados Unidos. Representa, também, mais de 19 vezes o número de mortes no acidente entre o jato Legacy e um Boeing da Gol, na Amazônia, e mais de 15 vezes o acidente do Voo 3054 da Tam, em São Paulo (SP).
Somente os Estados Unidos chegaram a um nível diário de mortes por Covid tão elevado, tendo registrado 4.470 mortes em 11 de janeiro de 2021, segundo a Universidade Johns Hopkins. O monitoramento do jornal americano The New York Times, aponta que o país chegou a registrar 5.463 mortes em 24 h (12 de fevereiro de 2021), mas devido a anormalidades de divulgação de dados.
Os dados brasileiros são os aferidos pelo consórcio integrado por Folha de S.Paulo, UOL, G1, O Estado de S. Paulo, Extra e O Globo e coletados até as 20h.
Dos 14 dias desde o primeiro registro (e contando com o dia 10), nove registraram mais de 2.000 mortes e outros flertaram com a marca. As exceções foram os domingos e as segundas-feiras, dias em que, por atrasos de notificação, os dados costumam ser menores. Mas mesmo nessas datas, as mortes foram superiores a 1.000.
Levando em conta o tamanho das populações, a situação do Brasil já se tornou equiparável ao que passou os Estados Unidos no pior momento da pandemia. O país norte-americano, em janeiro deste ano, alcançou 13,5 mortes por milhão de habitantes no seu pior dia, segundo o site Our World in Data. Na última semana, o Brasil atingiu 13,3 mortes por milhão de habitantes.
A diferença é que, após a posse, em janeiro, do democrata Joe Biden, que promoveu uma guinada na política de enfrentamento da pandemia -com uso obrigatório de máscara, discursos demonstrando a seriedade da situação, auxílio emergencial e aceleração de vacinação em massa-, os EUA viram os casos e as mortes despencarem.
Neste momento, o Brasil é o epicentro mundial da pandemia, despertando em países vizinhos e distantes preocupação pelo total descontrole da disseminação do Sars-CoV-2 e de suas ameaçadoras variantes, como a P.1, e pela aparente impotência e inoperância de diversas esferas governamentais no combate à doença.
A OMS (Organização Mundial da Saúde) tem adotado um tom direto e preocupado com a situação brasileira.
Junto ao descontrole da transmissão começaram a colapsar os sistemas de saúde pelo país. O Amazonas, no início de 2021, serviu de sentinela e prenúncio para o caos hospitalar, falta de oxigênio e drogas para intubação, vistos hoje em todas as regiões.
Nesta terça, o Brasil completou 25 dias consecutivos de recordes na média móvel de mortes, que atingiu 2.317 óbitos por dia. Isso representa cerca de 26% das mortes do mundo (considerando a média mundial como cerca de 8.931).
Considerando o total de óbitos, o Brasil concentra cerca de 11% das vítimas mundiais da Covid, embora tenha 2,7% da população do mundo. Mas a tendência se agrava: na última semana, 1 em cada 4 pessoas no planeta que morreram de Covid estava no Brasil.
A situação nacional não piorou de repente. Alertas de maior disseminação do vírus, com aumento de casos e mortes, começaram a ser soados por pesquisadores ainda nos meses finais de 2020, em período próximo às eleições.
Enquanto a situação de seteriorava mais lentamente, aumentava a preocupação -e novos alertas foram dados- de que as festas de fim de ano pudessem tirar a situação ainda mais de controle.
Outros países optaram por medidas rígidas, limitando mesmo festas de família, mas o Brasil, de forma geral, decidiu somente por fechamento de praias e comércios nos dias de festividade, o que não impediu viagens e diversos registros de aglomeração.
A festas passaram, as mortes aumentaram e chegou o Carnaval, mais um momento de tensão. Mesmo com o feriado cancelado, também foi possível notar movimentações pelo país e, novamente, registros de festas.
Nesta terça o Brasil completa 62 dias seguidos de média móvel de mortes acima de 1.000 e 74 acima de 900, patamar que em meados de 2020 assutava a população. Essa média é um instrumento estatístico que permite suavizar flutuações nos dados derivadas de gargalos nos sistemas de registro, como é comum em fins de semana e feriados.
Agora, aproxima-se a Páscoa e, mais uma vez, há preocupação de especialistas. Enquanto isso, grandes cidades pretendem implementar medidas como megaferiados, para diminuir a movimentação de pessoas.
Uma dessas cidades é São Paulo, capital do estado que registrou, nesta terça, o recorde de 1.021 mortes pela Covid em 24 horas. Aos domingos e segundas-feiras, é comum que os dados sejam menores pelos atrasos citados anteriormente. Porém, os dados paulistas nesses dias recentes não foram tão inferiores, em comparação a semana anteriores, para um represamento representativo o suficiente para explicar os óbitos nesse nível.
A esperada vacina tem chegado a conta-gotas. Dados atualizados pelo consórcio de imprensa junto a 25 estados e Distrito Federal, mostram que, ao todo, o Brasil aplicou 17.129.088 doses de vacina (12.793.737 da primeira dose e 4.335.351 da segunda dose) .
Isso significa que somente 7,95% dos brasileiros maiores de 18 anos tomaram a primeira dose e só 2,69%, a segunda, podendo serconsiderados imunizados. Nas últimas 24 horas, 514.178 pessoas tomaram a primeira dose da vacina e 92.826, a segunda.
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