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Covid-19: Paraná tem 1.071 pessoas à espera de um leito de UTI ou enfermaria; ‘Atingimos o limite máximo’, diz diretor da Sesa

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Paraná tem 522 pessoas na fila por um leito de UTI e 552 esperando por um leito de enfermaria nesta segunda-feira (8), segundo a Sesa.

Por Lucas Sarzi, G1 PR e RPC Curitiba

08/03/2021 16h46  Atualizado há 41 minutos

O Paraná tem, nesta segunda-feira (8), 1.071 pacientes à espera de um leito de UTI ou enfermaria por conta da Covid-19. A atualização foi confirmada por volta das 15h50 pela Secretaria Estadual da Saúde (Sesa) e mostra também que o estado tem 4.446 pessoas internadas.

Ao todo, Paraná tem 522 pessoas na fila por um leito de UTI e 552 esperando por um leito de enfermaria. Estado soma 12.505 mortes e 722.990 casos confirmados, conforme boletim divulgado nesta tarde.

Essa espera tem deixado em pânico familiares de pessoas que enfrentam a Covid-19. A prima de Sidirley ficou internada e entubada por quatro dias em um hospital de campanha em Corbélia, no oeste do estado, até conseguir um leito de UTI.

“Só quem está nessa angustia, nessa espera, vendo alguém da família que está entre a vida e a morte sabe como é difícil», disse Sidirley Blanck.

Silvia, a prima de Sidirley, ficou entubada por quatro dias até conseguir leito de UTI. — Foto: Arquivo Pessoal

Silvia, a prima de Sidirley, ficou entubada por quatro dias até conseguir leito de UTI. — Foto: Arquivo Pessoalhttps://tpc.googlesyndication.com/safeframe/1-0-37/html/container.html

No caso de Patrícia Oro, com mãe e pai doentes, o desespero foi com o leito de UTI para o pai, que estava internado numa UTI móvel e piorou.

«Meu pai esperou em torno de três a quatro horas para ter um leito em um hospital. Ele foi entubado no pronto-atendimento e conseguiram transferência de hospital para, então, ir para uma unidade física. A angústia é a pior parte», disse Patrícia.

O pai de Patrícia só teve um acesso um pouco mais rápido por ter plano de saúde. «Por ser idoso, passou na frente de quatro pessoas. Mesmo assim, tivemos muito medo de que não conseguisse um leito, porque sabemos que a situação está complicada».

Quase mil pessoas estão na fila por atendimento hospitalar no Paraná

Quase mil pessoas estão na fila por atendimento hospitalar no Paraná

Segundo o diretor de Gestão em Saúde da Secretaria de Saúde do Paraná (Sesa-PR), Vinicius Filipak, essa proporção com mais pessoas infectadas e precisando de internamento aconteceu por causa da cepa do coronavírus, que está mais forte.

«A proporção é a mesma, o que nós temos de característica é que o vírus é mais forte, os pacientes internam em maior quantidade, atingindo faixas etárias menores e com muito mais gravidade. A demanda de UTI é muito maior do que tínhamos no ano passado”, alertou.

A espera pelo leito de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) cresceu muito em um mês e, pela primeira vez, o número ultrapassou o número de pessoas aguardando por leito de enfermaria no Paraná. No domingo (7), por exemplo, a fila de espera tinha 858 pessoas e, destes, 449 pacientes esperavam por um leito de enfermaria.

O estado, conforme Vinicius Filipak, conseguiu ampliar leitos de enfermarias em algumas regiões. Isso ajudou de forma paliativa.

«É mais simples fazer ampliação de leitos de enfermaria. Com o aumento de quantidade de leitos de enfermarias, a fila de espera teve redução pequena em relação a da UTI”.

Paraná chegou no limite com a espera de leitos UTI e enfermaria para Covid-19. — Foto: Rodrigo Felix Leal/AEN

Paraná chegou no limite com a espera de leitos UTI e enfermaria para Covid-19. — Foto: Rodrigo Felix Leal/AEN

Paraná no limite máximo

Apesar desse esforço para que os leitos sejam criados, o diretor da Sesa alerta que o Paraná chegou ao limite máximo. Ele reforça o medo de que o estado não tenha capacidade para atender a todos que precisam.

«É impossível e irresponsável dizer que teremos leitos de UTI para todos. Isso não ocorrerá. Estamos no limite máximo”, disse Vinicius Filipak.

Conforme Filipak, a criação de leitos não depende apenas da estrutura.

«É uma ação muito complexa, que demanda estrutura física e equipamentos, mas também pessoal. Já não há capacidade do sistema de saúde para fazer fácil essa ampliação”.

Vinicius Filipak explicou também que a superlotação dos hospitais não se restringe ao SUS. «Quando existe uma superlotação com excesso de pacientes, isso ocorre tanto o privado quanto no SUS. O coronavírus é uma doença que atinge todas as classes e vai atingir pacientes que dependem do SUS ou aqueles que tenham acesso à medicina complementar. Estamos em uma situação de limite final da capacidade de assistência”.

Com mais de mil pessoas na fila por leito, Paraná está no limite máximo, alerta diretor da Sesa. — Foto: AEN/Divulgação

Com mais de mil pessoas na fila por leito, Paraná está no limite máximo, alerta diretor da Sesa. — Foto: AEN/Divulgação

UTI não é garantia

Alertando, mais uma vez, que a doença é muito grave e que atinge de forma crítica os sistemas vitais do corpo, Vinicius Filipak trouxe a informação de que, nem sempre, o leito de UTI é a garantia da vida.

«De todos os pacientes internados por causa da Covid-19, 25% não sobrevivem. Quando esse internamento é feito em UTI, 40 a 45% não sobrevivem. É uma doença que tem uma imprevisibilidade muito grande na reação de cada pessoa contaminada”, alertou o diretor da Sesa.

Secretária de Saúde de Curitiba desabafa

Prevendo o caos, a secretária Municipal de Saúde de Curitiba, Márcia Huçulak, desabafou nas redes sociais no domingo. Em Curitiba, nesta segunda-feira, 321 pessoas esperam por leitos, 123 delas em UTI, conforme dados da Sesa-PR.

«Não nos preparamos para ver tanta negação de uma doença nova e grave. Não nos preparamos para ver o descaso das pessoas e o deboche em relação a todas as orientações dos cuidados para evitar o contágio. Não nos preparamos para ver uma sociedade auto-referida e egoísta que só pensa em si», diss Márcia Huçulak.

Segundo a secretária, o Brasil «é o único lugar que as medidas restritivas não funcionam, porque aqui não há disciplina nem respeito».

«Fizemos do Brasil um covidário, um lugar perfeito para a proliferação do vírus e das suas novas variantes».

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