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Novo tratamento pode evitar que crianças voltem a ter câncer uma segunda vez

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Novo tratamento pode evitar que crianças voltem a ter câncer uma segunda vez
Tratamento contra o câncer impede que radiação afete tecidos saudáveis. Entenda por que isso é particularmente importante em tumores infantis.
Um tipo de radioterapia contra o câncer com base em prótons, as partículas subatômicas de carga positiva, impede que a radiação atinja tecidos saudáveis. Isso evita o surgimento de tumores «radioinduzidos» décadas após o tratamento, dizem especialistas, e isso é especialmente importante para o tratamento em crianças.

O primeiro aparelho foi aprovado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) no início do novembro para uso no Brasil. No entanto, os custos, a necessidade de grande infraestrutura e o fato de seus benefícios nem sempre serem imediatos ainda são impeditivos para que o acesso a esse tratamento seja ampliado rapidamente.

A terapia tem como principal vantagem sua especificidade: a radiação atinge somente o tumor. Quando fazemos uma radioterapia comum contra um tumor específico, por exemplo, outros tecidos adjacentes, saudáveis, são atingidos. Em alguns casos, mas não frequentemente, esses tecidos antes normais podem se transformar em tumores induzidos por radiação décadas mais tarde.

Qual a diferença entre radioterapia e quimioterapia?

A radioterapia utiliza a radiação para “arrancar” o DNA das células malignas e, com isso, destruí-las. A usada na medicina é de um tipo específico: a ionizante. Essa radiação tem uma energia tão forte que consegue desprender os elétrons do átomo, o que altera totalmente a estrutura do alvo.
Já a quimioterapia, não tem por base a radiação, mas o uso de compostos químicos que circulam pela corrente sanguínea. Uma outra diferença é que a quimioterapia tem por alvo também a metástase, e não só o tumor de origem, já que circula por todo o corpo.

O problema pode ocorrer quando os tumores que recebem a radiação são infantis — e essas crianças que receberam a radiação têm de enfrentar um segundo câncer quando ficam mais velhas, como resultado do tratamento feito quando jovens. Um dos tumores induzidos por radiação, por exemplo, é o linfoma (tumores do sistema linfático, responsável pela produção dos glóbulos brancos) e o sarcoma (tumores das partes moles, como aqueles de tecidos musculares).

Para tentar resolver esse problema, a medicina há algum tempo tem apostado na terapia de prótons, ou “proton beam therapy”, como é comumente mencionada em artigos científicos.

A terapia está disponível em larga escala nos Estados Unidos e em alguns países da Europa e da Ásia. Não há tratamento disponível na América Latina, embora haja informações de que um aparelho tenha sido vendido na Argentina.

Em relação ao Brasil, a empresa americana que teve o aparelho aprovado na Anvisa, a Varian Medical Systems, informa que mantém negociações no país. “Existe um interesse crescente de algumas instituições líderes no Brasil para analisar a tecnologia, bem como o investimento envolvido, mas não podemos dar mais detalhes”, disse Mark Plungy, do marketing da Varian.

A terapia e as evidências

Induzida por prótons, a nova terapia consegue ser direcionada especificamente para o tumor-alvo. Células saudáveis, dessa maneira, ficam praticamente livres da radiação. Uma outra indicação da abordagem é a aplicação em alguns tumores inoperáveis, como alguns de cabeça e pescoço. Células malignas próximas a regiões sensíveis no cérebro, por exemplo, também se beneficiaram de uma radiação mais focada — como foi o caso do garoto no Reino Unido.

Especialistas salientam que a principal vantagem da terapia de prótons sobre as atuais é justamente a pouquíssima radiação que vai para os tecidos saudáveis. Mas não há evidências de que a terapia de prótons seja mais eficazes que os tratamentos usados atualmente.

Indicações de uso

Hoje, a terapia tem indicação específica (o que significa que seria uma das primeiras indicações terapêuticas) para tumores oculares, tumores da espinha, tumores da base do crânio e tumores do fígado. Outras indicações poderiam ser avaliadas a depender do caso. “Uma mulher com câncer de mama, por exemplo, que, por alguma cardiopatia, não poderia receber nenhuma radiação no coração”, diz Pelizzon.

Outra indicação da terapia de prótons é em áreas que já receberam radiação anteriormente. “Se esse tumor volta, não são todos os casos em que a radioterapia pode ser indicada novamente. Os tumores de próstata são exemplos disso também por uma série de condições anatômicas”, explica Pellizzon.

Fonte: G 1

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