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Plantio direto no Paraná está em decadência

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Sucessão de culturas compromete safra após safra o solo paranaense; erosão e perda de produtividade são consequências do manejo inadequado
Fotos: Anderson Coelho
Alto índice de palhada evita erosão, fenômeno que desloca todos os nutrientes da superfície do solo

Atraído pelo bom preço da soja e do milho nas últimas safras, o produtor paranaense tem estabelecido uma regra para o seu cronograma de safra: soja no verão e milho no inverno. Essa configuração tem garantido um bom caixa para os agricultores no final de cada ciclo. Porém, a sucessão de culturas tem prejudicado a qualidade do sistema de plantio direto. Basta andar pelos campos paranaenses e observar o aumento na exposição direta do solo ao ambiente em muitas propriedades.
Em dias de chuva, grandes poças d’água em meio à lavoura e o aparecimento de erosões têm sido cada vez mais comuns, problemas que haviam sido resolvidos na década de 1980 com a adoção do sistema de plantio direto. No Paraná, que já foi considerado modelo de difusão tecnológica, a aplicação do sistema tem sérios problemas de qualidade. Ricardo Lorenzon, engenheiro agrônomo da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab), afirma que o produtor não se esqueceu do plantio direto, mas não o tem aplicado como deveria ser, já que muitos agricultores não entendem a tecnologia.
Lorenzon explica que o sistema de plantio direto envolve rotação de cultura, construção de curvas de nível e terraços. «Precisamos retomar esse conceito com o trabalho em conjunto de produtores e técnicos de campo.» Segundo o agrônomo, o Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), tem levado, na medida do possível, informações sobre a prática aos agricultores. «Muitos acham que plantio direto é só não remover o solo», observa.
Graziela Barbosa, especialista em solos do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), lembra que o produtor paranaense tem esquecido de fazer a rotação de cultura. Com o plantio de culturas em sucessão, há um baixo índice de palha no solo. Graziela aponta que a soja costuma deixar muito pouca palhada. Para melhorar o índice de cobertura, a especialista recomenda o plantio de milho no ciclo de verão.
Mesmo com uma taxa de retorno da cultura menor em relação à soja, ela explica que o produtor pode dividir a sua área em talhões, direcionando uma parte da propriedade para o cultivo do milho. Ela explica que os benefícios da rotação de cultura são perceptíveis em longo prazo. O alto índice de palhada evita erosão, fenômeno que desloca todos os nutrientes da superfície do solo, os quais, geralmente, param em rios ou lagos. Esses nutrientes, segundo especialistas, são fundamentais para proporcionar um bom índice de produtividade.
Graziela destaca que deixar para plantar milho somente na segunda safra pode não ser um bom negócio para o solo. A especialista em solos explica que a janela entre o término da colheita do milho e o início da semeadura da soja dura em torno de 50 dias. Nesse tempo, afirma a agrônoma, a palhada já está em processo de decomposição, deixando o solo novamente exposto ao tempo.
Ela indica o plantio de milho no verão a cada três anos e também a semeadura de braquiária entre as ruas de milho na segunda safra. Quando a segunda safra de milho é colhida, o produtor entra com a dessecação da braquiária e, assim, mantém um bom índice de cobertura até o início da semeadura da safra verão.
Ela também recomenda que, a cada três anos, o agricultor faça o plantio de culturas de inverno como aveia, trigo ou alguma outra planta de cobertura. Graziela destaca que cada região do Estado pode ter uma configuração de consórcio, isso porque cada cultura se comporta de uma forma diferente em relação ao clima e solo da localidade onde está inserida. «Não precisa deixar de plantar soja, mas o produtor deve sempre destinar uma área para outra cultura», salienta.

REINO DA SOJA
De acordo com dados do Departamento de Economia Rural (Deral) da Seab, na safra 2015/16, dos 5,89 milhões de hectares semeados na primeira safra, 5,24 milhões deverão ser destinados para a soja. Na safra verão 2014/15, dos 5,87 milhões de hectares de área agricultável no Paraná, 5,10 milhões foram semeados com soja.
Ricardo Maia
Reportagem Local

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