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Soja é alternativa para as cooperativas se estruturarem

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Soja é alternativa para as cooperativas se estruturarem
Nem só de soja sobrevivem as cooperativas inseridas no Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel, o PNPB. No entanto, boa parte das cooperativas visitadas pela Repórter Brasil nos meses de janeiro e fevereiro de 2014 enxerga a produção da soja como um caminho para se estruturarem – e para consolidarem a diversificação de sua produção. Algo almejado tanto no âmbito do PNPB quanto de outros projetos.
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José Pereira Vinhal, de 46 anos, veio da região de Ceres (GO) para participar da luta pela reforma agrária no município goiano de Santa Isabel, desde a etapa do acampamento. A mobilização levou à conquista de um assentamento em 2001. “É uma terra boa, que permite um cultivo de primeira em parte da região”. Planta-se milho, arroz e mandioca, sobretudo. A maioria das pessoas que vive no assentamento está desde o começo, alguns já mudaram.

Vinhal é o atual presidente da Cooperativa Mista dos Agricultores Familiares do Assentamento Nova Aurora, a Coopafana, que possui 46 associados, de 40 famílias assentadas. O forte da produção local é o leite, vendido para a empresa Manacá. “Na reunião, a gente pensa em fazer mais coisas, mas tem uma burocracia danada.” Entre as coisas mais pensadas para a cooperativa, os associados debatem sobre como agregar valor ao leite, fazer novos produtos, investir em uma agroindústria e na comercialização etc. “Em seguida ao leite, vem o biodiesel”, explica Vinhal. “E tem o PNAE também. A gente vende quase tudo aqui na região. Diria que o leite responde por uns 70% da nossa receita, o biodiesel por cerca de 20% e o PNAE por 10%”. O PNAE é o Programa Nacional de Alimentação Escolar.

Além de cultivar outros produtos voltados a gerar renda adicional aos associados, as cooperativas vêm estudando e experimentando possíveis alternativas à soja no contexto do PNPB. Em alguns casos, avançam os projetos. Em outros estacionam. E há também aqueles que não deslancharam, provocando a desistência dos agricultores em relação àquela cultura ou mesmo quanto ao PNPB. Em Santa Isabel, o presidente da cooperativa, Vinhal, defende que, se for para diversificar algo na produção para o PNPB, só mesmo se for o milho. “Ninguém quer testar mais. Já testamos a mamona, o algodão, o gergelim… Os dois primeiros não deram nada, o gergelim teve baixa produção. Mas se der certo, podemos pensar, temos vontade de contar com uma alternativa, especialmente para a safrinha”.

Na também goiana Coomafa (Cooperativa Mista dos Agricultores Familiares de Amaralina), o presidente Anasor Ferreira se recorda das experiências infrutíferas de plantio do girassol e do pinhão-manso – sendo que desse último foram plantados algo entre 400 a 500 hectares. “Plantou um bocado do pinhão, mais até que a soja. Deu um bom resultado para o pessoal: deixou a terra boa [risos]. Eles fizeram, não deu certo, a planta morreu, mas a terra ficou boa”, brinca, afirmando que o pinhão-manso em Amaralina e Bonópolis serviu apenas para adubar a terra. De acordo com Ferreira, quem incentivou o plantio do pinhão junto à cooperativa foi a Bionasa, de Porangatu, igualmente situada no norte de Goiás.

Gaúchas, mamona e girassol
Os integrantes da gaúcha União das Associações Comunitárias do Interior de Canguçu e Região (Unaic) forneceram mamona e girassol para produção de biodiesel por três anos. No entanto, nada disso é produzido hoje pelos agricultores familiares atendidos pela associação, muitos deles assentados pelo programa de reforma agrária. O principal motivo para a desistência: o preço pago pelas usinas locais pela mamona para biodiesel. Em dezembro de 2013, e ainda em março de 2014, a renovação da Unaic na lista de cooperativas habilitadas no PNPB encontrava-se em análise.

De acordo com Marcos Fanka, técnico que fazia parte da equipe da Unaic que apoiava os agricultores na introdução de culturas voltadas para a produção de biocombustíveis, a média de preço é de R$ 0,60 por quilo. “A mamona é uma cultura viável na região, mas o mercado de biodiesel, não”, comenta. Segundo ele, as empresas compram o mínimo necessário da produção vinda da agricultura familiar para poder receber o Selo Combustível Social. “Preferem comprar dos grandes produtores e usar a mamona na produção de lubrificantes, que dá mais lucro que o biodiesel”, relata.

Por conta do perfil de associação, não podendo obter lucro com suas atividades, a Unaic deixou de operar a venda da produção dos associados e foi criada a Cooperativa União (ou Unaic – Cooperativa). A Unaic segue com o trabalho social, de programas de apoio e de assistência técnica. A cooperativa é agora a responsável pela comercialização da produção dos associados, que é basicamente de sementes crioulas e feijão, além de frutas e hortaliças, distribuídas em menor quantidade para o programa de merenda escolar. Mas a maior parte das terras antes utilizadas pelos agricultores participantes do programa do biodiesel hoje são ocupadas por fumo.

Ao todo, a equipe da Unaic apoiava a produção de oleaginosas em uma área total de quatro mil hectares, distribuídos em micro e pequenas propriedades de 29 municípios da região. “O principal atrativo para os produtores era a bonificação”, diz Fanka, que agora é técnico da Cooperativa União. Ele cita também o apoio na compra de insumos como outro ponto positivo do programa. A Unaic ainda pôde participar de projetos piloto de introdução do cultivo de batata-doce e cana-de-açúcar para a produção de etanol. No entanto, os projetos foram encerrados antes de serem concluídos.

Um ponto positivo do programa destacado pelos entrevistados ligados à Unaic tem a ver com o fortalecimento do cooperativismo. Nem todos os produtores que apostaram na mamona eram associados da Unaic. Uma boa parte, no entanto, tornou-se associado e um número menor permanece bastante ativo na associação e na cooperativa.
FONTE: Repórter Brasil

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