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Soja entra em “zona de alto risco”

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Apesar de as cotações da soja estarem 10% acima das praticadas um ano atrás no Brasil, o mercado anuncia um ano de alto risco, que põe em cheque a renda do agronegócio no país. Impulsionados pela entressafra, pela força das exportações e por excesso de chuva nos Estados Unidos, os preços podem tomar tendência inversa pela pressão da crise nas bolsas chinesas, alertam especialistas.
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Depois de perderem o equivalente a R$ 3 trilhões, as bolsas da China – principal importador do agronegócio brasileiro – mostravam ontem certa reação. Mas os efeitos dessa desvalorização devem chegar, de forma “gradativa” e no “médio prazo” (dentro da safra 2015/16), afirma a analista Natália Vidotti Orlovicin, da consultoria FCStone. “[A pressão sobre o preços] pode tomar força conforme a economia chinesa for dando sinais de desaceleração do crescimento”, detalha.

Crescimento menor
O risco de queda na renda da agricultura é concreto na avaliação do setor produtivo de Mato Grosso, maior produtor brasileiro de soja e primeiro estado a divulgar projeções sobre o plantio de 2015/16. A tendência é que os agricultores ampliem menos as lavouras do que nas últimas safras e antecipem vendas para aproveitar preços ainda rentáveis, aponta o diretor administrativo e financeiro da Federação da Agricultura e Pecuária do estado (Famato), Nelson Luiz Piccoli.

Segundo o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea), o agronegócio pisou no freio. As lavouras da oleaginosa vinham crescendo entre 5% e 12% ao ano e agora devem aumentar 1,82%, para 9,1 milhões de hectares. Os custos passam de R$ 2,47 mil para R$ 2,87 mil por hectare, na comparação com 2014/15, aponta o Imea.

Há risco de prejuízo se as vendas não forem feitas no melhor momento, afirma Piccoli. O quadro não é tão preocupante porque existe chance de a produtividade média aumentar com clima menos irregular, acrescenta.

Ano de queda
No Paraná, segundo maior produtor, a discussão se aprofunda nas principais regiões de cultivo. A Federação da Agricultura do estado (Faep), realiza oito seminários regionais (leia abaixo). O oleaginosa voltou à casa de R$ 60 por saca ao produtor paranaense, superando as médias do último ano.

Mesmo com a melhora nas cotações – relacionada ao excesso de chuva registrado em junho na principal região agrícola dos Estados Unidos (leia ao lado) –, a tendência é de queda, e o preço médio da soja de 2015 deve ser menor que o de 2014, aponta o analista Flávio França Junior, contratado pela Faep para falar aos produtores no seminários regionais, que seguem até agosto.

Os especialistas afirmam ainda que a próxima safra, que está em plena fase de planejamento, não deve ter forte expansão devido à instabilidade econômica e cambial. O setor teme que o real se valorize no auge da comercialização da produção (primeiro semestre de 2016), ou seja, que o panorama seja de custos elevados e renda limitada. Além disso, a crise nas bolsas chinesas pode valorizar o dólar no mercado internacional, o que pressionaria o preço da soja nos Estados Unidos, também com reflexo baixista nas cotações no Brasil.

15%
da soja de 2015/16 já foram comercializados no Brasil, enquanto os Estados Unidos teriam comprometido apenas 6,5% da safra, apesar de estarem bem mais perto da colheita.

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