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Um brinde aos jovens que acham lindo ficar bêbado e ter história para contar.

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Um brinde aos jovens que acham lindo ficar bêbado e ter história para contar.
Outro dia, sentada em uma roda de jovens e amigos entre seus 18 e 20 e poucos anos, eu observava uma série de narrações de histórias de bebedeiras. A cada conto, que não passavam de lembranças de momentos que viveram juntos, a risada vinha fácil e durava. Tive dificuldade em identificar quem ali estava mais orgulhoso pela coleção de embriaguez. O meu espanto aumentava à medida que os meninos e as meninas achavam graça de simplesmente estarem bêbados e darem trabalho a outras pessoas.
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Bom, este poderia ser um texto “careta”. E talvez até seja (tudo depende do ponto de vista). Mas antes que me chamem a atenção pela hipocrisia e me questionem se eu nunca fiquei bêbada, confesso que já tomei lá os meus pileques. Foram poucos, mas eles existiram. E também não vou negar que gosto de tomar uma cervejinha uma vez ou outra, em um momento de lazer. Mas acho que o importante é saber a hora de parar. E esta hora é antes de o álcool subir à cabeça e me tirar do controle da situação.

Porém, não é disso que quero falar aqui neste texto. Não é sobre o beber em si, o ficar bêbado ou não. Mas sim sobre o pseudo-status do “fiquei bêbado”, tão comentado nas rodinhas de amigos. Engraçado que nunca ouvi ninguém dizer isso com tanto orgulho na frente de pai e mãe. Olha que coisa!

E por falar em família, uma pergunta corriqueira entre os jovens: “o que vou contar aos meus netos?” Afinal, devemos colecionar momentos e histórias (engraçadas, aventureiras, loucas e por aí vai). Já dizia Chaplin: “A vida é uma peça de teatro que não nos permite ensaio. Por isso, cante, chore, dance, ria e viva intensamente, antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos”.

Mas o problema é quando cantar, dançar, rir e viver intensamente estão sempre associados ao álcool. E isso não é um mal exclusivo das últimas gerações. Ah, não! Longe de querer bancar a antropóloga ou socióloga, mas observo desde às histórias da época da adolescência da minha mãe a associação de bebida com felicidade e status.

Acho que desde sempre, beber tem um “quê” de independência, que é o que todos nós sonhamos e buscamos. Pura ilusão. E me pergunto de onde eles tiraram que isso é sinônimo de “moral”.

Já não sei se as pessoas bebem por gosto, só para ficar bêbado ou para se enturmar. Juro que fico bem perdida nesta conta aí. E lamento por ver jovens tão orgulhosos em deixar aos seus netos um baú recheado de histórias de cachaçadas. Mas cada um escolhe a herança que vai passar para frente.

*Mariana Monge é jornalista e colaboradora do Lado B. Mais textos na página Mariana Monge. CGNEWS

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