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Terceira geração de brasiguaios ajuda a consolidar produção de soja no país vizinho

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JOANA COLUSSI . ZH . Direto do Paraguai

Terceiro maior produtor de soja na América Latina, o Paraguai tem na atividade o carro-chefe do agronegócio – a exemplo dos vizinhos Brasil e Argentina. Com poucas áreas para expansão da cultura no país, a não ser na região do Chaco, no norte do país, os ganhos em volume têm sido alcançados em cima de avanços de produtividade. Enquanto a área cresceu 34% na última década, o tamanho da safra aumentou 180% – puxado pelos investimentos em tecnologia das novas gerações de brasiguaios.

Filho de produtores familiares de Santo Cristo, no noroeste do Rio Grande do Sul, Ernani José Hammes, 49 anos, mudou-se para o Paraguai com a família, em 1983. Ainda criança, viu o pai Edmundo Hammes, hoje falecido, abrir áreas para agricultura em Domingo Martínez de Irala, região de Santa Rita, departamento de Alto Paraná, um dos principais polos do agronegócio no país vizinho.

– Naquele tempo, era tudo mais difícil. Hoje, com toda a tecnologia disponível, a realidade é outra – compara Ernani, eleito vereador no município pelo Partido Colorado, o maior do Paraguai.

Com áreas próprias e arrendadas, Ernani foi pioneiro ao aplicar agricultura de precisão na região em 2003.

– Na época, importei do Brasil uma máquina com aplicação de taxa variável – lembra o produtor, que hoje tem 80% dos equipamentos importados de Brasil, Estados Unidos e Inglaterra.

Kiko Sierich / Especial
Ernani Hammes (E) e o filho Joel, que nasceu no país vizinho, onde está se formando em AgronomiaKiko Sierich / Especial

Com a tecnologia de precisão em 100% da área cultivada, 870 hectares, o produtor alcança produtividade média superior a 70 sacas por hectare em anos de tempo favorável. O resultado é atribuído também à rotação de culturas, com pelo menos um terço da área destinada ao milho, em alternância à soja. No inverno, entra com trigo e cobertura verde para garantir boa produção de palhada no solo. 

Se a tecnologia já era prioridade à família Hammes, agora ganha novo impulso com a terceira geração. Filho mais velho de Ernani, Joel Hammes, 22 anos, está se formando em Agronomia. Após estudar em colégio agrícola em Castro (PR), decidiu cursar a faculdade no Paraguai, e voltar para casa.

– Não queria ficar longe da lavoura por muito tempo. Queria estudar e trabalhar – conta Joel, que já ajuda na tomada de decisões no dia a dia.

Alfabetizado em espanhol, Joel aprendeu a falar português em casa. E, embora tenha nascido no Paraguai, ainda mantém laços com a terra natal da família, torcendo para o Grêmio.  

As boas produtividades alcançadas na produção de soja ajudaram a inflacionar o preço da terra no Paraguai – chegando a cifras superiores às regiões mais valorizadas no Brasil. 

Há 10 anos, quando aumentou a área própria na região, Ernani desembolsou US$ 6,5 mil por hectare – o equivalente a R$ 25 mil. Hoje, não consegue comprar por menos de US$ 20 mil – quase R$ 80 mil por hectare.

– O crescimento da agricultura no Paraguai está muito ligado às condições de solo e clima favoráveis, além da base logística para exportação dos grãos – destaca Sidnei Neuhaus, gerente de marketing da Agrotec, empresa de fomento à produção e tecnologia agrícola no Paraguai.

Novas experiências pessoais e profissionais

Kiko Sierich / Especial
Fábio Barboza, de Palmeira das Missões, mudou de país há um ano para gerenciar multinacionalKiko Sierich / Especial

Há pouco mais de um ano gerenciando a empresa de comercialização e processamento de grãos ADM, no município paraguaio de Santa Rita, o agrônomo gaúcho Fábio Barboza, 36 anos, trocou de país e de emprego, sem nunca antes ter mudado de cidade. A motivação veio da possibilidade de crescimento.

– Estou desbravando um país novo e aprendendo uma cultura diferente da nossa. É uma experiência também para a minha esposa e a minha filha, que está sendo alfabetizada em espanhol e inglês – conta Barboza, natural de Palmeira das Missões, que comanda hoje equipe de 20 funcionários, alguns que falam em guarani. 

Barboza também acostumou-se a trabalhar com o dólar no dia a dia, moeda referência na venda de grãos e no financiamento de insumos aos produtores. No Paraguai, o crédito agrícola vem de recursos privados. 

– Essa situação exige que o produtor se profissionalize dentro da porteira, até porque ele sabe que não terá apoio externo, como renegociação de dívidas – explica Sidnei Neuhaus, gerente de marketing da Agrotec. ZH

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